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terça-feira, 16 de agosto de 2011

A Carta


Quando o carteiro chegou, gritando meu nome no portão, trazendo na mão aquele envelope onde no subscrito eu reconheci sua letra bonita, por um instante minhas pernas não me obedeciam, tremendo insegura. Reconheci de imediato aquela caligrafia que tão rudemente me disse um dia. Estou farto de ti. Com os olhos marejando e ao mesmo tempo curiosos fiquei por alguma segunda parada, numa viagem ao passado, sem entender porque depois de tanto tempo a cena se repetia deixando-me atônita.
Quanta verdade tristonha ou mentira risonha pode conter uma carta, e confesso, não tive coragem de abrir aquela mensagem, pois na incerteza eu meditava e dizia: Será de Alegria? Será de Tristeza?
Assim pensando, rasguei aquele envelope para não sofrer mais, novamente um passado que como um filme perante meus olhos, me trouxe lembranças que julgava para sempre enterradas, e resolvi “nunca mais algo assim vai me fazer tanto mal”.
Quando se perde a confiança, só um milagre pode restabelecê-la, e este milagre chama-se perdão. O perdão não nos convence de que tudo está bem, quando não está. Perdão é o reconhecimento do erro e a busca da restauração do esquecimento, e quando isto acontecer, uma simples carta não terá mais o poder de me tirar à paz.

Maria L. Simões Bueno (Malú)


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